terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Zona de conforto - resistência a mudanças

Quanto tempo se leva para assimilar mudanças. Quanta resistência é necessário oferecer, até que as pessoas percebam que a mudança já aconteceu e que não há mais nada a ser feito.

Eu tiro por mim, um agente provocador de mudanças, resistindo ao mouse. "A interface gráfica é uma b....osta !". "É muito mais rápido usar o teclado". "Os atalhos de teclado são mais eficientes que o duplo-clique".

Hoje, não lembro mais dos comandos e sem a interface gráfica fico perdido no computador. E isso porque sempre fui um agente provocador de mudanças dentro das organizações onde trabalhei. Era a partir da área de TI que as mudanças aconteciam e eram "empurradas" empresa abaixo.

Agora me vejo novamente nesta situação tão familiar. Tão vivenciada. Os usuários estão resistindo ao novo sistema sendo implementado. Os coitados não tem chance. A matriz nos EUA já decidiu que todas as suas filiais mundo afora devem usar o mesmo sistema, o dela, claro! A diretoria no Brasil já pagou pelo sistema US$ 150K e vai desembolsar mais US$ 200K. O novo link de dados já está implantado e funcionando.

Resistir pra que ? A mudança já foi definida meses atrás. Agora não é hora pra isso. Se era pra boicotar e resistir, isto devia ter sido feito 6 meses atrás. Tarde demais agora. Mas é óbvio que vai sobrar pra mim. Eu sou o gerente do projeto. O agente provocador de mudança. Inevitável que a culpa seja atribuída a mim.

Nada que eu já não tenha visto ou vivenciado antes.

Lembro do primeiro sistema que fiz, numa imobiliária. O computador mais moderno era o PC-XT. Tela verde e só teclado. Usava-se comandos para fazer o computador funcionar. Tinha um joguinho chamado "Digger", que era um dos únicos joguinhos para computador na época. Já tem 20 anos isso!!! Os coitados dos usuários nunca tinham visto computador na vida e o dono da imobiliária já tinha feito o favor de dizer que se quebrasse alguma daquelas máquinas ia descontar do salário. Todos com medo de chegar perto do tal de computador. Tinham 3 no escritório, para servir a 7 pessoas.

Numa sexta-feira de uma semana de treinamento jogada fora, meti o joguinho umas 4 horas da tarde. Eram 8 da noite quando o pessoal começou a sair do escritório. Eu tinha ganho a confiança e tirado o medo daqueles usuários. A mudança estava em marcha.

Agora só preciso ver o que vou aprontar por aqui.

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