segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Educação

Já faz tempo venho querendo colocar textos mais longos aqui no blog. Mas a vida anda corrida demais.

Eu queria colocar minhas idéias sobre grandes temas. E pequenos também. Vou começar por este. Educação. Eu dizia a bem pouco tempo atrás a colegas professores que se Sir Isaac Newton levantasse de seu túmulo, a única coisa que reconheceria seria uma escola, porque não mudou nada em 300 anos.

Educamos para o passado, sendo que na verdade, deveríamos educar para o futuro. Quando o futuro era distante, pensávamos no longínquo século XXI, e agora que estamos no futuro, ensinamos nossos filhos como era o passado. Sem prepará-los para o futuro.

Exemplos temos aos montes. Minha filha veio me pedir ajuda outro dia. Matemática. MDC/MMC. Juro que não lembro mais como calcular essas coisas. Lembro vagamente. Fui no "pai dos burros", o Google. Método simplificado, de um professor da UFSCar. A professora não aceitou. Simplesmente porque era diferente. Porque não conhecia.

Acho que os professores hoje não perceberam que a realidade mudou. Meus filhos já nasceram olhando o mundo, interagindo, super-estimulados. Crianças andam cada vez mais cedo. Falam cada vez mais cedo e aprendem a ler cada vez mais cedo. Demorou, mas a educação reconheceu isso e adotou o sistema atual de 9 anos no fundamental. O que era "pré" virou o 1o. ano. Mas os professores ainda fazem decorar a tabuada. Datas e mais datas. Quando eu estava no ensino fundamental, que nem tinha este nome, existiam enciclopédias em papel, com "livro do ano", para uma atualização dos assuntos. Hoje a enciclopédia é on-line e muitas vezes maior do que uma enciclopédia em papel. Além da enciclopédia, temos podcasts, videocasts, sites, artigos, livros on-line, videos. Tudo a um click de distância. Mas não vejo os professores aceitarem isso.

Pelo contrário, meu filho teve que copiar o conteúdo de um site à mão, no tal "papel almaço". Só faltou o professor dele sugerir hieróglifos, ou pintura rupestre. Professores, de plantão, façam coisas mais elaboradas. Algo diferente. Mudem suas aulas. Explorem a capacidade incrível que a humanidade atingiu de guardar e disponibilizar conteúdo e façam com que as crianças aprendam a pensar em cima da grande diversidade de conteúdo disponível. Isso sim as prepara para o hoje, para o futuro. Quem sabe pensar não fica ultrapassado. Quem sabe pensar terá emprego, em qualquer lugar e a qualquer tempo, havendo crise ou não.

Mas os professores, que teoricamente são a elite cultural, intelectual e etc. não pensam. Se reduzem, se limitam as aulas que tiveram no século passado e as repetem ad nauseam. As mesmas aulas desde a idade média. No velho quadro negro. Como em 1727, ano que morreu Isaac Newton. Lamentável.

O professor não é o mais bem preparado. Ao contrário, é o pior preparado. É o ultrapassado. É o menos qualificado, que não conseguiu se colocar no mercado de trabalho como Engenheiro, Médico ou outra coisa que sonhou. E então vai prestar concurso. Vai dar aula na escola pública. Vai ensinar o passado aos nossos filhos, à geração do futuro. E não faz nada de diferente. Nenhuma inovação. Nenhuma adoção dos conceitos modernos. Ao contrário, as escolas proíbem celular, rejeitam a Wikipedia. Pedem trabalhos feitos à mão, que antes copiávamos das enciclopédias em papel e agora da enciclopédia eletrônica, mas continuamos a ser "copistas". Coisa que não acredito que tenha colaborado muito para minha aprendizagem. Eu aprendi muito mais quando li o que quis, sozinho, sem orientação. Imagine se eu tivesse tido suporte nas minhas tardes na biblioteca pública. Imagine se alguém me tivesse orientado nos meus gostos e preferências, o que eu poderia ter conseguido realizar.

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