terça-feira, 8 de junho de 2004

O país informal...

O Brasil é mesmo um país fora de série.

Somos um povo muito amistoso. Não seguimos "padrões éticos" à risca. Mas a reportagem da Exame desta semana me deixou estarrecido. Se 20% da economia informal passasse para o "lado legal", nosso PIB cresceria 5% ao ano, ao invés dos minguados 3%.

É muita grana. "Mucha Plata". E, claro, mais um absurdo do nosso país. Não que outros países não tenham seus absurdos, mas o Brasil é que interessa. Eu vivo aqui. Tenho família aqui, amigos aqui e, sinceramente, não gostaria de deixar este lugar.

Acho que mudar para outro país seria uma solução para os meus problemas. Mas então vamos abandonar a terra e mudar de vez. Vamos alugar para os gringos. Aposto que eles fariam desse lugar um país invejado. Aliás, já somos invejados.

Japoneses vem aqui e ficam bobos com a quantidade de terra desperdiçada nesse país. Existe um terreno desocupado em frente a casa do meu pai a mais de 20 anos. São 5000 metros quadrados num bairro bem localizado de São Bernardo do Campo juntando rato, lixo e, recentemente, maconheiros. Até acho bom que os caras puxem seu fuminho atrás do muro do terreno. Meus filhos não percebem a presença deles.

Mas eu falava da "economia informal", que emprega 55% da mão-de-obra disponível. Que não arrecada 8 bilhões de reais em impostos. Isto significa que o governo tem que cobrar cada vez mais imposto dos 45% restantes. Isto significa ter produtos cada vez mais caros para vender na prateleira, o que provoca um "efeito Tostines". Vendo menos porque tá caro, então tenho que aumentar o preço do pouco que vendo para pagar as despesas e impostos.

E a solução para isso não é fácil. Passa por uma reforma no Governo que ele não quer fazer. Acabar com as mordomias e os cargos "de confiança". Acabar com a estabilidade do funcionalismo público, que podem faltar, não trabalhar e fazer as merdas que quiserem porque não são despedidos. Aposentadorias milionárias dos deputados e senadores. Carros, ajudas de custo, auxílios moradia e muitos outros benefícios.

Vamos criar uma camapanha para que se aprove uma lei onde cargo eletivo não tenha salário. Nem mordomia, nem carro, nem moradia e nenhum "cargo de confiança" para empregar a parentada. O cara é Senador da República. Então, receberá uma passagem em voô comum, de carreira, para Brasília. Vai de táxi para o Senado aos sábados e, eventualmente, aos domingos também. É trabalho voluntário, com reembolso das despesas pelo Governo.

Não faria muita diferença no volume de trabalho. Em Brasília o Congresso só funciona terças, quartas e quintas. POrque segunda estão chegando e sexta estão saindo. E tudo pago pelos trouxas, otários e manés que moram neste país e pagam impostos.

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