Hoje em dia é "cool" chamar alguém de geek. Tem um certo charme. Pena que na minha juventude não existia este termo.
Então, eu era chamado de "esquisito". Não que eu fizesse por menos. Olha só: eu não gostava de futebol. Só este fato já me eliminava de 80% das rodas de conversa masculinas. Os outros 20% era pra falar de mulher. E aí eu tinha alguma chance. Não que eu fosse super popular. Mas apenas me era permitido permanecer como ouvinte e eventualmente rir.
Além de não gostar de futebol, eu gostava de ler. Parece estranho, não ? Mas na periferia que gosta de ler é mesmo esquisito. Além de ler muito sobre tudo, eu lia coisas pouco usuais. Li o dicionário enciclopédico Lello Universal de 1946, escrito antes da reforma da língua portuguesa. Assim, eu sabia que farmácia se escrevia "pharmácia".
Depois eu li o Aurélio e comecei a falar coisas que ninguém entendia. E aos 10 anos eu li a Barsa. Todos os volumes. A bibliotecária me chamava pelo nome e conhecia meus pais, porque quando eu "sumia", eles iam me procurar na biblioteca.
Eu me esforçava para ser esquisito. E era. Hoje eu continuo sendo. Talvez num grau diferente. Ou talvez agora me vejam de uma forma diferente. Agora eu talvez seja um geek. Ou Nerd. Ou Esquisito mesmo, sei lá.
terça-feira, 5 de julho de 2005
Geek ? Eu ?
Postado por Skip às 8:16 AM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário