sexta-feira, 18 de março de 2005

Casamento

Na minha primeira semana de casado, conheci um casal que estavam juntos já a dez anos. No primeiro dia, tudo ocorreu normalmente, mas a medida que ficavam mais ?íntimos? pude observar a natureza cruel do relacionamento deles.

Em um mês, já se ofendiam na nossa frente sem a menor cerimônia. E não eram coisas do tipo ?não, não foi o que eu disse?. Eram coisas muito mais desagradáveis. Tipo ?aquela idiota? ou ?o cretino do meu marido?.

Víamos esse casal muito pouco. Eu trabalhava e dava aulas à noite. Fizeram questão de nos convidar para o aniversário da filha, de 8 anos. A minha mulher estava grávida e sentiu-se cansada e com enjôo. Logo fomos embora.

Ao final da noite, o cara veio nos chamar para voltarmos à sua casa. Morávamos vizinhos no mesmo andar. Como minha mulher não sentia-se bem, eu decidi ir sozinho para uma última cerveja e voltar.

As ofensas mútuas foram muito pior do que antes. Trocavam palavrões e ofensas até absurdas. Saí de lá chocado e jurei que nunca deixaria meu casamento chegar àquele ponto.

Muitas outras cenas não-convencionais aconteceram na minha presença e da minha mulher. Ela traía o marido e pedia aos seus ?namorados? a deixassem na porta de casa, de forma os porteiros do prédio deixassem vazar a informação. Ele frequentava prostíbulos várias vezes por semana. Tudo isso só para ofender ao outro.

Jogavam isso na cara um do outro. Quem sofria era a filha pequena.

Recentemente meu casamento passou uma fase meio sombria, mas eu e minha mulher conversamos e acertamos a situação. Respeito é bom. Não importa a intimidade e quanto tempo esteja junto. Se não existe mais amor, que se separem, mas trocar ofensas não é o melhor caminho. Viver dentro do inferno deve ser a pior coisa.

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